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A Agricultura Regenerativa se Tornou Um "Must-do" para a Indústria Vinícola Global

A Moët Hennessy, divisão de vinhos e destilados do grupo francês de luxo LVMH (Louis Vuitton Moët Hennessy), controlada pelo bilionário Bernard Arnault, criou um projeto que vem dando frutos

“Must-do” pode ser traduzido como “obrigatório”, “imperdível” ou “essencial”. É exatamente sobre esse conceito que a Moët Hennessy tem se dedicado para a preservação dos solos vivos de seus vinhedos, e o evento serve para ligá-lo à ciência. Ele aconteceu em Arles, na França, onde reuniu 500 participantes. Outros 100 participaram de dois eventos simultâneos e online, um na China e outro nos Estados Unidos. Nesse caso, em Napa Valley, na Califórnia, principal produtora da bebida naquele país. Especialistas em agricultura regenerativa falaram sobre suas pesquisas e estudos nesse campo e discutiram como a indústria do vinho pode se beneficiar com a adoção da prática.


Segundo a Regeneration International, organização ligada à também norte-americana Organic Consumers Association, que promove a agricultura regenerativa, ela é um tipo de manejo baseado em práticas agrícolas e de pastoreio que, entre outros benefícios, podem reverter os efeitos das mudanças climáticas ao reconstruir a matéria orgânica do solo e restaurar a sua biodiversidade. O evento da Moët Hennessy contou com 180 palestrantes e foi estruturado em 4 trilhas destacando os principais desafios enfrentados para apoiar a transição agrícola e vitivinícola. David Pearson, CEO da Joseph Phelps Vineyards, em St. Helena, no Napa Valley, foi o moderador de uma das conversas. A vinícola Phelps, fundada em 1973, tem sido, por décadas, uma das melhores produtoras da região, mais famosa pelo icônico vinho Joseph Phelps Insignia, desenvolvido nos EUA, com uma criteriosa seleção das uvas Cabernet Sauvignon. Há alguns anos, a Moët Hennessy comprou a vinícola, e hoje a Phelps continua seu legado como uma das propriedades mais elegantes e respeitadas do Napa Valley.

De acordo com o executivo, a vinícola é uma das líderes em agricultura regenerativa na região. A isso Pearson atribui a pastagem de ovelhas em suas vinhas, que atuam como uma espécie de fertilizante natural. E mais, ao se alimentarem de ervas, que são daninhas para os vinhedos, se reduz a necessidade de produtos químicos. Oliver English, CEO da Common Table Creative, produtora norte-americana que conta histórias sobre comida, filmes e tecnologia, falou sobre sua carreira multifacetada, de chef a cineasta, sendo um de seus filmes mais recentes, o documentário chamado “Feeding Tomorrow” (em tradução literal, “Alimentando o Amanhã”). O filme conta a história de como a comida é tratada de várias maneiras ao redor do mundo e como alguns processos precisam mudar para salvar o habitat da Terra. English diz que os cineastas precisam conversar mais com os agricultores sobre seu trabalho e que ficou muito inspirado pela visão deles. “Precisamos que os agricultores sejam celebridades”, afirma. Sobre o filme, ele diz que “a intenção era destacar o papel dos agricultores na sociedade, e celebrar a restauração e regeneração das quais eles estão participando, conectando todo o trabalho incrível que está sendo feito em fazendas em todo o mundo nos últimos anos”. Para English, “trata-se de compartilhar histórias com as quais as pessoas se relacionam e se conectam emocionalmente”. Jesse Smith, diretor de Gestão de Terras da White Buffalo Land Trust, uma empresa e movimento que atua como um centro global em agricultura regenerativa, monitoramento ecológico e desenvolvimento de empreendimentos, nasceu em Santa Bárbara, na Califórnia. Mas o primeiro contato de Smith com áreas de produção de alimentos foi em uma viagem à França com sua esposa, dirigindo pelo interior do país, entre elas a região de Bordeaux. “Cada pequena cidade, cada pequena região baseada em seu vinho, pão ou queijo tinha sua própria expressão única de cultura”. Ele comparou isso com uma viagem pela Califórnia onde, em suas palavras, “de Sacramento a San Diego, havia alguma beleza, mas não havia essa singularidade sobre cada lugar”.

Smith queria ter a mesma experiência que viu na França. Então, no início da década de 2010, ele e outros amigos criaram uma fazenda chamada Regenerative Earth Farms, onde passaram a produzir queijos artesanais orgânicos, criaram porcos de raças tradicionais, gerenciaram pomares de frutas e iniciaram um jardim orgânico. Para ele, a White Buffalo faz muitas coisas, incluindo a produção de alimentos dos quais ele se orgulha. “Por meio dos nossos programas de educação e treinamento, estamos abordando e tentando aumentar o conhecimento ecológico da comunidade”. English falou ainda sobre os resultados dos trabalhos com agricultura regenerativa. “As frutas e verduras mais saborosas vêm dos solos mais saudáveis, vêm das fazendas regenerativas mais biodiversas. “Se estamos falando de comida, vamos falar sobre sabores, de densidade nutricional, de saúde humana, e deste movimento como algo divertido. É por meio da comida que comemos, da comida que apoiamos que somos participantes na gestão do planeta”.

* Tom Hyland é colaborador da Forbes EUA. Tem 44 anos de experiência na indústria vinícola, escrevendo, nos últimos 25 anos, sobre vinhos de todo o mundo, de Napa Valley a Champagne, e praticamente todas as regiões da Itália.


Forbes

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